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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Música embala o futuro


JORNAL COBAIA - Univali


A música faz bem para a mente e para o corpo. Ela é capaz de transmitir sentimentos e, nesse quesito, é tão ou mais importante do que a linguagem formal falada. A música tem capacidade de penetração na mente humana maior do que qualquer outra linguagem, e a explicação para isso está em nossa formação intra-uterina. Antes mesmo de nascer, o feto é sensível a ritmos e sons, como as batidas cardíacas.

Aprender música na infância influi de 30 a 40% na capacidade cerebral, ativando os neurônios. Estudos mostram que, quando criança, a interação com instrumentos desenvolve a audição crítica, aumenta a percepção, concentração e criatividade. É com base nisso que o Governo Federal sancionou a Lei 11.769/2008, que torna obrigatória a inclusão da disciplina de Educação Musical no currículo escolar. As escolas municipais e estaduais têm até 2011 para incluir as aulas de música na grade, junto ao currículo de Artes.

Monica Uriarte, 45, coordenadora do curso de Licenciatura em Música do campus de Itajaí da Univali, faz parte da organização do fórum que debate a questão em Itajaí, e que já realizou cinco encontros. Ela ressalta a importância da disciplina nas escolas para o processo de formação das crianças. Diz, ainda, que o município de Florianópolis fez publicar edital com o objetivo de selecionar professores habilitados para lecionarem a partir de 2010. A experiência da Capital vem sendo discutida permanentemente pela ABEM - Associação Brasileira de Educação Musical, que pretende auxiliar as demais cidades na elaboração dos editais de seleção dos profissionais. Para Gabriel Elias Caram Silveira, 13, aluno da 6ª série da escola estadual Maria da Glória Pereira, as aulas de música serão melhores que as de arte. “Quero muito aprender algum instrumento”, diz Gabriel.

Em Itajaí, alunos do curso de Licenciatura em Música da Univali, que cursam a terceira fase do estágio curricular em 2009, escolheram a instituição de ensino Vovó Biquinha para o desenvolvimento de um projeto com crianças de 0 a 5 anos, entre elas, crianças com necessidades especiais. Eles trabalharam a música de forma integrada, com o objetivo de promover a musicalização e a socialização desde a infância, e preparar as crianças para o ensino regular. Para Daniela Nascimento de Souza, 39, psicopedagoga e funcionária da instituição Vovó Biquinha, o contato das crianças com os estagiários foi muito importante. Ela conta que “a neurologia prova que a música está entre as atividades que mais exercitam o cérebro. Se a criança tem uma deficiência, quanto mais ela tem contato (com a música), melhor ela vai sentir e se expressar”.

Dr. João Straliotto é otorrinolaringologista, pesquisador em física acústica, músico profissional e autor do livro “Cérebro&Música – segredos desta relação”. Segundo ele, “a música interfere no sistema fisiológico, hormonal, mental e ambiental”. A combinação de duas ou mais notas sonoras ativa neurônios que podem ser utilizados posteriormente para o aprendizado em outras áreas. Além de facilitar e estimular o processo de aprendizagem, a música tem o poder de curar. “Através das vibrações das ondas sonoras e de conjuntos de notas, a música leva informação ao intelecto emocional, criando a capacidade de auto-cura”. Dr. Straliotto afirma que a terapia musical pode ser mais eficaz que 60% dos medicamentos.

Platão já reconhecia a música como “um instrumento educacional mais potente do que qualquer outro”. A disciplina de música já foi parte obrigatória das grades curriculares das escolas brasileiras, entre os anos de 1932 e 1971. Após 37 anos no esquecimento, retorna como resultado de uma vitória política por parte de entidades defensoras da causa. O sistema educacional brasileiro caminha para uma educação mais rica e humana.


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